sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"Contemporâneo é aquele que mantém fixo seu olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro. Todos os tempos são, para quem deles experimenta contemporaneidade, obscuros. Contemporâneo é justamente aquele que sabe ver essa obscuridade, que é capaz de escrever mergulhando a pena nas trevas do presente."

E assim se vai Alexander McQueen. Deixando incrível legado. Rebeldia, contestação, inconformismo. Talento, técnica, transgressão. Encontrado morto em sua casa em Londres hoje pela manhã, o estilista inglês era um ícone, um dos artífices e tradutores do espírito de sua geração. Vai fazer falta. O mundo fica (ainda) mais careta. Deprimido com a morte de sua adorada mãe, há algumas semanas, e talvez inspirado pelo próprio suicídio da mentora Isabela Blow, que o descobrira, McQueen seguiu este mesmo triste caminho.
Exímio criador de imagens, fez vestidos que logo alcançaram status de obras de arte, mostrados em apresentações que, temporada após temporada, sempre deixavam os fashionistas ansiosos, excitados e, quase sempre, em êxtase. Expect the unexpected. E o inesperado acontecia.
Em McQueen o corpo é político, e em suas coleções havia camadas de mensagens, mais ou menos explícitas, para os insiders da moda, para seus críticos ou seus fãs. O "final bow" do estilista aconteceu ao som de Lady Gaga, na primeira vez que o mundo ouviu "Bad Romance". Depois, no clipe, a cantora vestiria as roupas do desfile, na imagem que vai marcar os tempos de hoje. Mais contemporâneo impossível. Um grande legado. Valeu, Lee McQueen.

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