domingo, 8 de julho de 2007

Fragmentos de Clarice

"(...) Muito elogio é como botar água demais na flor.
Ela apodrece...Morre.

Ela acreditava em anjos. E porque acreditava, eles existiam.

Apenas isso: chove e estou vendo a chuva. Que simplicidade.

Eu chamava de amor a minha esperança de amar.

"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas as vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Quando se ama não é preciso entender o que se passa
lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós.

Eu nunca fui livre na minha vida inteira.
Por que dentro eu sempre me persegui.
Eu me tornei intolerável para mim mesma.

Quem não é um acaso na vida?
(...)

1 comentários:

Polly Annenberg disse...

"Eu nunca fui livre na minha vida inteira.
Por que dentro eu sempre me persegui."

muito BOM.