Dá pra fazer um estudo brabo analisando o uso dessa paradinha, através de diversos aspectos. Um deles, é que nitidamente é um instrumento desenvolvido pela inteligência humana pra liquidar os insetos, de maneira prática, limpa (livre de contato direto), e rápida, denotando claramente um suposto domínio do homem sobre os outros animais, nesse caso, representados pelos mosquitos, que ousem perturbar sua tranqüilidade dentro de sua propriedade particular - aquele espaço que por convenções humanas foi lhe atribuída posse, mas que o mosquito não tem a menor idéia do fato enquanto passeia atrás de alimento e sobrevivência.
Até aí, poderia se levar a situação sem maiores comentários.. Seria um objeto de aniquilação como tantos outros existentes, armas de fogo, inseticidas, pesticidas, venenos, etc., que através da cultura fomos educados a aceitar e inclusive lhes fazer uso, muitas vezes sem nem franzir a sobrancelha. Mas além dessas características, entra uma outra, que é o fator ironia! Podíamos ter criado, por exemplo, um objeto negro, sóbrio, discreto, em formato oval, que tivesse a mesma função. Mas criamos uma raquetinha de tênis supertransada, em cores fortes quando não fosforescentes, pra que o ato de matar passe a ser divertido! Você pode fingir que é o Guga, o Nadal, e pêi! Pêi! Spac! Splac! “Um, dois, três, dez!!! Hahaha quantos! Éééé!”, e pronto! Annihilation turns into fun!
Aonde eu quero chegar com isso?
Nem eu sei, só to colocando o objeto em discussão, porque achei interessante, mas eu apesar de muitas vezes me sentir um ser humano talvez um pouco prepotente com tamanha facilidade que tenho em eliminar tais seres menores, muitas vezes dou graças à Deus (que paradoxo!) por ter uma dessas em mãos, quando me vejo rodeado de mosquitos aqui em casa. Mosquitos esses que não haviam em tal quantidade, e ultimamente tiveram um grande aumento ‘populacional’, causado não me pergunte por quê. Aquecimento, desequilíbrio no ecossistema, a obra que tá rolando aqui do lado, vai saber. Mas não tinham tantos. Beleza. Voltando pra cena em que me encontro com a raquetinha em mãos, cercado de mosquitos que com as melhores das intenções só querem se alimentar e continuar seu ciclo de em média 30 dias de vida, tento perceber com quais sentimentos estou lidando dentro da mente naquele momento, se é apenas alívio por me ver livre do incomodo, ou se entram ali tiquinho de raiva, de soberba, um tiquinho da própria ironia, um certo prazer em matar o inseto estava me perturbando, que não deixa de ser um prazer em matar, enfim, tento estudar minhas reações e não deixar que ultrapassem meu bom senso e se tornem de alguma maneira, um escape de tensões. E aí, durante e depois de todo esse estudo psico e sociológico, quê que eu faço?
- Pêi!Pêi! Stáák! SSplácSplác!
É foda..
E pensar que tem monge que não mata nada. Como isso, mané? Ver uma barata subindo pelos pés, um rato na cozinha, um mosquito sugando o sangue, e mesmo assim manter a serenidade?
Brabo..
Um dia eu alcanço esse degrau..
Que os leitores me desculpem.
Há um mês
1 comentários:
bom comeco
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